A amizade entre o técnico do Corinthians e seu auxiliar se mostrou campeã desde o início. O então jovem Cléber, estudante de educação física, tinha um objetivo claro: queria viver de futebol. Como não foi jogador, foi por pouco tempo preparador físico antes de se tornar assistente nas categorias de base do Inter e do Grêmio. Em 2001, Cléber chegou ao posto de técnico do time júnior do Tricolor gaúcho. Foi quando se deu o encontro com Adenor Leonardo Bachi.
– O Tite também era um jovem surgido do Interior e este casamento acabou dando certo. Já são doze temporadas juntos – disse Cléber.
Logo no primeiro ano, já conquistaram o Gauchão e a Copa do Brasil. Naquele tempo, além de trabalhar no campo, Cléber fazia horas extras em outra função: era espião, do tipo meio disfarçado e tudo. Antes da final da Copa do Brasil de 2001, esteve no Parque São Jorge para bisbilhotar o treino do Corinthians.
– Eu fui lá, como sempre faço. Entrei no estádio normal. Levo radinho, para escutar música, e um celular. Procuro sentar em um lugar que as pessoas não me vejam, porque eu já conhecia o Scheidt e o Paulo Nunes, do Grêmio, e eu não queria ser visto, principalmente por eles – disse o “espião”.
Vanderlei Luxemburgo acertava o time no gramado e revelava a escalação do Corinthians para o Espião. A tarde parecia perfeita, um sonho.
– Mas aí tinha um repórter, do Rio Grande do Sul, que era colorado. Que é colorado, continua colorado, imagino eu. El3 me enxergou e resolveu fazer de uma forma que me prejudicasse ou prejudicasse a instituição Grêmio. Fui flagrado, capturado e convidado a se retirar. A partir daí, eu fiz mais umas duas vezes, mas deu umas coincidências não legais e eu disse: “Está na hora de parar”.
Longe da espionagem, Cleber ganhou cada vez mais responsabilidades na armação dos times de Tite. Cuidar da bola parada defensiva, que é quando o adversário vai jogar bola na área do Corinthians, fica por conta dele.
– Alguns goleiros gostam de ter jogador no primeiro pau, outros, de ter jogador no primeiro pau e no segundo. Alguns goleiros gostam de ter um cara livre na frente para protegê-lo. Esta idéia de marcação vem da escola italiana de encher a área. Hora de defender é defender. A bola é parada, é perto do nosso gol, vem à direção ao nosso gol, nós temos de nos defender – disse o auxiliar.
Tite confia tanto em seu "número2" que, se a comissão técnica do Corinthians fosse um avião, Cléber seria o co-piloto.
– Internamente, também eu tenho esta relação. Eu sou o cara que faço estas ligações com todos os setores. Departamento médico, físico, de fisioterapia, fisiologia, departamento de nutrição, segurança, com a direção, também trabalhamos costurando com a assessoria de imprensa para nos aproximar dela – contou Cléber.
É ele quem fala no ouvido de Tite na maioria dos jogos. Adeptos das tecnologias, eles sempre usaram o radinho de comunicação.
– A minha comunicação com o Tite, pela experiência própria, ela se dá melhor com o rádio. Eu consigo comunicar melhor com ele no rádio, do que pessoalmente. Ele é um cara que fica muito ligado, muito focado no jogo. Então, pelo rádio, eu “entro” direto no ouvido dele e já sei a hora certa de falar.
Hora certa até para brincar. Na final do Gauchão, em 2001, o jornalista gremista Paulo Santana invadiu a pista do Olímpico e beijou Tite. Três dias depois, o Grêmio jogava a semifinal da Copa do Brasil contra o Coritiba.
– Quarenta e dois minutos do segundo tempo, um a zero para nós, e para mim, o jogo não tinha mais volta. O Tite tava na pista, porque no Couto Pereira tem pista, e eu passei pelo radinho para ele: "Tite, Tite, cuidado que o Paulo Santana está aí e vai te beijar". Ele começou a se virar e olhar para os lados. "Está de brincadeira?"
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