Neste domingo (01), a Fiel comemorará o aniversário de uma importante e recente conquista. Há três anos, o Corinthians conquistava a sua terceira Copa do Brasil. Como em 1995, o Clube do Parque São Jorge enfrentou outra equipe gaúcha (Grêmio) na finalíssima: o Internacional. Antes de chegar à grande decisão, porém, o Timão, que encantou o país no primeiro semestre de 2009, passou por uma série de provações e uma excelente campanha: cinco vitórias, quatro empates e uma derrota.
O alvinegro, comandado pelo atual técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, já havia deixado 2008 para trás. Apesar de emocionante e absoluta, a Série B era passado. O Corinthians focava em novos horizontes e conquistas, e, logo em dezembro daquele ano, a apresentação de Ronaldo para cerca de 6000 torcedores já demonstrava o que seria 2009.
Em ótimo momento pelo Campeonato Paulista do mesmo ano, o Corinthians, invicto, chegava para o seu primeiro jogo na Copa do Brasil, contra o Itumbiara-GO, credenciado pela estreia do tão aguardado camisa 9 Ronaldo, o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo. O Timão se classificou ao vencer por 2 a 0, com gols de Chicão e André Santos. Aos 21 minutos do segundo tempo, o Fenômeno enfim entrava em campo com pela equipe alvinegra. De acordo com os critérios da competição, os comandados de Mano Menezes eliminram o jogo da volta e avançaram para a segunda fase, quando encarou o Misto-MS e venceu novamente por 2 a 0, em nova dobradinha da dupla Chicão e André Santos.
As provações passadas pelo elenco durante a caminhada rumo ao título não tardaram. Logo no primeiro jogo das oitavas de final, contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, a República Popular do Corinthians passou pelo habitual sofrimento. Após estar perdendo por 3 a 0, em um momento de total pressão da torcida adversária, o Timão se superou e diminuiu os estragos. Aos 41 minutos do segundo tempo, após falta sofrida por Otacílio Neto, um jogador que pouco tempo atrás havia levado a Fiel ao delírio, em gol marcado no fim contra o São Paulo no Paulistão, deixou sua marca. Cristian acertou um belo chute na cobrança da falta e aumentou as chances de recuperação dos alvinegros, que apenas seis minutos depois chegou aos 3 a 2 em gol de Dentinho. No Pacaembu, a história foi diferente e Ronaldo brilhou, marcando balançando a rede duas vezes e enlouquecendo a torcida.
Nas quartas de final e semifinal, o Timão teve dois cariocas pela frente: Fluminense e Vasco, respectivamente. Contra a equipe tricolor, o primeiro jogo no Pacaembu parecia fácil para o Corinthians devido ao gol de Dentinho aos dez minutos da etapa inicial. Mas a tensão prevaleceu até o final. O magro placar de 1 a 0 em casa era preocupante, já que a equipe alvinegra deveria decidir a classificação em um Maracanã lotado. Contrariando as expectativas, com apenas 16 minutos de jogo, os alvinegros já venciam por 2 a 0, com gols de Chicão, em uma bela cobrança de falta, e Jorge Henrique. O Fluminense bem que tentou a reação e empatou em 2 a 2, mas o a classificação estava assegurada.
Para chegar à grande final, o Corinthians parecia anunciar a tônica de disputas decisivas contra o Vasco que apareceria anos depois, entre elas a Copa Santander Libertadores de 2012 e o Campeonato Brasileiro de 2011. O primeiro jogo realizado no Maracanã. E quem brilhou novamente foi Dentinho, que marcou o gol corinthiano no empate em 1 a 1. Na partida de volta, no Pacaembu, mais tensão. As equipes não conseguiram sair do zero e o Timão garantiu vaga na decisão.
A finalíssima não poderia ser melhor. Apontado por muitos como o melhor time do Brasil, o Internacional chegou como favorito para a decisão. O primeiro jogo no Pacaembu foi digno de um verdadeiro espetáculo por parte da torcida do Corinthians. O espírito contagiou os jogadores, e Marcelo Oliveira, substituto de André Santos (suspenso), entrou muito bem. O primeiro gol nasceu justamente pelo lado esquerdo do ataque alvinegro. Após boa jogada do lateral, Jorge Henrique recebeu sem marcação e bateu para explodir o Pacaembu. O placar que já era bom para o Timão ficou ainda melhor no segundo tempo com a aparição e mágica de um gênio da bola. Em belo corte de Ronaldo, o zagueiro colorado Índio ficou completamente perdido e viu o maior artilheiro das Copas do Mundo chutar para o fundo das redes com o pé esquerdo e decretar o 2 a 0.
No Beira-Rio, mais uma vez a previsão foi arrebatada pela eficiência e bonito futebol da equipe do Parque São Jorge. Ainda no primeiro tempo, um time com a sede de ser campeão chegou rapidamente a outro 2 a 0, em gols de André Santos e Jorge Henrique. Nem mesmo o empate foi capaz de conter o animo e apetite por títulos do renascido Corinthians. Como dizia a música, o Timão havia voltado e agora pra ficar. Corinthians tricampeão da Copa do Brasil.
Confira o bate-papo com o volante Cristian, um dos destaques do Corinthians na vitoriosa campanha da Copa do Brasil de 2009:
Você chegou para a disputa da Série B no final de 2008, após a perda da Copa do Brasil para o Sport. Muitos jogadores que foram campeões em 2009 estavam em 2008. Existia alguma conversa diferente ou pacto sobre ganhar a Copa do Brasil de 2009?
Como tudo que é triste, aquilo passou. Ninguém que esteve envolvido na Copa do Brasil de 2008 ou naquela final costumava falar sobre aquilo. O pacto era justamente fazer o nosso melhor para que alcançássemos outra final e ganhássemos o que eles haviam perdido.
Você e o Elias faziam uma bela dupla de volantes. Como era a conversa de vocês dois durante as partidas?
Procurava conversar muito com o Elias durante as partidas. Sempre dizia que a gente devia fazer o nosso estilo de jogo. Isso fazia o time jogar, já que muitas jogadas passavam por nós. Eu não gostava tanto de subir ao ataque, preferia a contenção, então liberava o Elias para essa função.
Como o grupo se sentiu com a chegada de uma referência no mundo do futebol como o Ronaldo e de que forma ele ajudava vocês durante as decisões?
Era uma conversa ótima. A gente tentava aproveitar tudo o que ele podia nos dar de conselhos e experiências. É um sonho de todo jogador atuar ao lado do Ronaldo. Éramos privilegiados por contar com um jogador tão decisivo como ele.
O jogo contra o Atlético-PR, lá em Curitiba, deve ter provado muitas coisas ao elenco. O que passou pela sua cabeça na hora que fez o gol de falta aos 41 minutos do segundo tempo?
Passaram muitas coisas pela minha cabeça. Reverter um placar de 3 a 0, em casa, já é uma tarefa muito difícil, fora de casa tudo se torna ainda mais complicado. Eu havia jogado pelo Atlético-PR, alguns anos antes, e sabia da pressão que a torcida da casa exerce sobre o jogo. Naquele momento, uma das coisas que pensei foi dedicar o gol aos torcedores do Corinthians que não paravam de nos incentivar na Arena da Baixada. O apoio deles foi fundamental.
Qual foi o momento mais complicado para o elenco durante a campanha?
Reverter o resultado desse jogo contra o Atlético-PR foi realmente complicado, mas outro jogo nos impôs maiores dificuldades. A partida contra o Vasco, no Pacaembu, foi muito dura para nós. Conseguimos arrancar um bom empate em 1 a 1 no Rio de Janeiro, mas aquele 0 a 0 durante o jogo inteiro no Pacaembu foi uma grande tensão.
Vocês perceberam que estavam realmente fortes, ou mais perto da briga pelo título, em que momento da competição?
Desde o começo da competição sabíamos das nossas qualidades e que brigaríamos para sermos campeões. Não teve um momento específico que notamos a proximidade do título, mas o afastamento sim. Naquele jogo contra o Atlético-PR quase botamos tudo a perder. Felizmente conseguimos reverter aquela situação.
O Inter, na época, era considerado o favorito e realmente tinha ótimos jogadores. Como o elenco lidou com isso, como foi a preparação?
O elenco não ligou muito para isso. Quem faz isso sempre é a imprensa. Para nós o Internacional não era o grande favorito. Sabíamos que pela qualidade do nosso elenco era possível igualar o status adquirido por eles antes da final.
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