NOTA OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR DE SÃO PAULO:
"A Policia Militar lastrea seus treinamentos calcada no respeito integral aos direitos fundamentais do cidadão, não fazendo e não admitindo nenhum tipo de discriminação. O episódio foi ocasional e pontual, não havendo intenção em macular a imagem de quem quer que seja. Lamentamos o ocorrido e nos desculpamos publicamente, e esclarecemos que a Instituição já orientou as unidades escolas a tomarem cuidado em eventuais alusões nos momentos de teatralizações"
Uma reportagem exibida durante a primeira edição do programa SP TV, da rede Globo, na última terça-feira, está dando o que falar até agora.
Ns imagens da reportagem mostram“um Corintiano” atacando uma “vítima são-paulina”, com um revólver. Em seguida, o suposto bandido corintiano é rendido pelos policiais. Torcedores do Corinthians ficaram revoltados com a associação do clube com o crime. Um grupo chegou a divulgar uma carta aberta de protesto ao governador Geraldo Alckmin.
CARTA DE CORINTIANOS REVOLTADOS ESPALHOU-SE PELA INTERNET:
O futebol, o delito e a vítima da imagem
Carta Aberta ao Excelentíssimo Sr. Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo.
Perplexos, assistimos, nesta terça-feira (18/10) a uma reportagem do noticioso SPTV, da Rede Globo de Televisão, que exibia um treinamento de policiais militares paulistas diante de situações críticas.
Na cena exibida para milhões de telespectadores, muitos deles jovens e crianças, os atores encarnavam criminoso e vítima em aparente situação de sequestro.
De maneira não menos absurda que ignominiosa, a vítima, de cútis mais clara, vestia camisa do São Paulo Futebol Clube, enquanto o suposto meliante, de pele mais escura, trajava a malha do Sport Club Corinthians Paulista.
Não conseguimos imaginar qual seria vosso propósito ao incentivar na corporação policial o ódio e o preconceito.
Há grave delito se vosso Secretário de Segurança Pública incentiva essa prática. Caso sua escusa seja a ignorância, ainda assim mereceria rigorosa reprimenda.
A bizarra dramatização serve apenas para cristalizar opiniões distorcidas e categorizações antropológicas que não encontram espelho na realidade.
Entre os 30 milhões de corinthianos, há, sobretudo, trabalhadores, desde 1910, ano de fundação do clube no bairro do Bom Retiro.
São estas pessoas, operários, estudantes, advogados, juízes, jornalistas, engenheiros, biólogos, médicos, veterinários, motoristas, empresários, servidores públicos e colaboradores de organizações privadas, entre outros, que constroem cotidianamente a riqueza de São Paulo.
Não por acaso, o Sport Club Corinthians Paulista é bastião histórico da concórdia, patrocinador da miscigenação que deveria orgulhar o povo deste Estado. Da célula empreendedora esportiva de Miguel Bataglia, surgiu uma instituição popular que agrega brancos da terra, negros, índios e descendentes de italianos, espanhóis, portugueses, japoneses, sírios, libaneses, gregos, entre outros.
Ao fantasiar de corinthiano um bandido imaginário, os responsáveis pelo treinamento cobrem com a lama da vergonha não somente a corporação policial como o próprio governo paulista, cujos olhos deveriam estar atentos ao modelo de educação destinado aos agentes da segurança pública.
Nos últimos anos, temos acompanhado uma série de equívocos na gestão de segurança nos estádios, particularmente no que tange ao tratamento dispensado aos afiliados de nossas agremiação.
Registre-se, por exemplo, a absurda compartimentalização das entradas do estádio do Pacaembu. Em nome da “segurança”, exige-se que milhares de torcedores do setor Tobogã, inclusive mulheres e crianças, se espremam diante de um único acesso.
Agora, sabemos o porquê.
Considerada a visão turva e insidiosa de vosso designados para a Segurança Pública, somos cidadãos de segunda classe, ainda que paguemos em impostos o mesmo que os aficcionados da agremiação tradicionalmente associada à elite paulista.
É certo que esse tipo de cultura estúpida de exclusão resultará em novos conflitos, condicionando o olhar dos policiais a presumir culpa em qualquer torcedor mosqueteiro, o que ameaça a nós todos, particularmente nossos jovens e nossas crianças.
Exige-se do senhor, portanto, pulso forte e autoridade para punir imediatamente os responsáveis por tal injúria e apeá-los dos cargos de comando que ora exercem. É o mínimo que se pode esperar diante de tamanha infâmia.
MR777 - Resistência Corinthiana 777
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