terça-feira, 13 de novembro de 2012

Emerson e seu advogado demonstraram tranquilidade e não acreditam nessa possibilidade, ser proibido de ir ao Mundial de clubes

O julgamento do corintiano Emerson por contrabando e lavagem de dinheiro na compra de carros terá novos capítulos. Nesta terça-feira à tarde, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, não houve uma definição do caso. A defesa do atleta, que culpou terceiros pelo envolvimento do atacante no caso, pediu um prazo de cinco dias para decidir se vai insistir no interrogatório de duas testemunhas que moram fora do Rio. Se for condenado, Emerson poderá ser impedido de deixar o país e viajar para o Japão para defender o Corinthians no Mundial de Clubes, em dezembro. No entanto, o jogador e seu advogado demonstraram tranquilidade e não acreditam nessa possibilidade.

O julgamento desta terça-feira, no Rio de Janeiro, demorou cerca de duas horas e meia. Marcado para às 14 horas, ele sofreu um atraso de 45 minutos. Tanto Emerson como Diguinho foram ouvidos, além das testemunha arroladas pelo Ministério Público e pela defesa. Antes da audiência, os jogadores tiraram fotos e deram autógrafos para alguns funcionários.

Entenda o caso


De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, os jogadores Emerson e Diguinho tinham "ciência do esquema criminoso" e agiram com "má fé" para tentar esconder a origem ilícita do bem. Emerson vendeu comrpou uma BMW e um Camaro e depois vendeu a a BMW a Diguinho pelo valor R$ 315 mil - sendo R$ 200 mil declarados - o que teria sido o segundo veículo trazido ilegalmente pelo Sheik.

As investigações mostraram que, em uma das compras, Emerson depositou o dinheiro diretamente na conta do israelense Jehuda Kazzabi. UDI, como é conhecido, mora em Miami, nos Estados Unidos, e é apontado como um dos chefes da quadrilha, que tinha ramificações em 12 estados brasileiros. Para recebimento da BMW, no entanto, foi usada a concessionária de outro bicheiro, o Haylton Scafura, a Euro Imported Cars. Foragido desde outubro do ano passado, ele foi preso no primeiro semestre deste ano, num condomínio na Barra da Tijuca.

Em caso de condenação, a pena para ambos os crimes é de reclusão de no mínimo quatro anos, podendo chegar a 14 anos, isto em regime aberto, semi-aberto ou fechado, dependendo da decisão do juiz. Os advogados Itamar Gomes de Jesus e Ricardo Cerqueira, de Diguinho e Emerson, respectivamente, defendem os atletas.

As transações de Emerson estão comprovadas no processo por meio de escutas telefônicas e levantamentos financeiros feitos pela Receita Federal. Emerson é citado em diversos trechos do processo. Num deles, numa escuta telefônica, o israelense UDI reclama da compra feita pelo jogador, pois, por conta da transação, sua agência de carros fora alvo de inspeção da polícia americana.

Confira a transação entre eles:

29/10/2010 — Emerson compra a BMW da Rio Bello por R$ 200 mil (Nota Fiscal 12).

20/12/2010 — Ele devolve o carro à loja e recebe a quantia de R$ 160 mil (Nota Fiscal 30). No mesmo dia, Diguinho compra a BMW por R$ 200 mil (Nota Fiscal 31).
10/01/2011 — Ele devolve o carro (Nota Fiscal 34). Horas depois, compra novamente (Nota Fiscal 35).

Ainda de acordo com o processo, o carro dos jogadores demorou sete meses para chegar ao Brasil 

Veja o caminho do carro de Emerson e Diguinho: 

1) O jogador Emerson "Sheik" encomenda uma BMW X6 à Euro Imported Cars, no Rio (de propriedade do bicheiro Haylton Escafura). 

2) A Sunbelt BMW (agência americana) tem um veículo à disposição e o negocia com a Fun Rides (agência americana de carros usados). 

3) Apesar de o carro ter sido anunciado por U$ 57,3, as investigações só encontram depósito no valor de U$ 5 mil, no dia 12/07/10, da Fun Rides na conta da Sunbelt.

4) A formalização da venda, no entanto, é feita com uma terceira loja a Limo Depot (agência americana de carros novos), por valor menor do que o carro fora anunciado: U$ 49,9, no dia 4/08/10. 

5) Em 15/08/10 é registrada uma comunicação de venda do carro para exportação, para a Euro Imported Cars (agência de Escafura), no valor de U$ 61,4

6) Em 7/10/10, PBMK International Inc (americana) se declara às autoridades marítimas como empresa responsável pela importaçao do veículo. Apesar de na Declaração de Importação constar outra empresa como responsável, a Rio Bello Com Imp e Exp LTDA (que é brasileira). 

7) Em 11/11/10, a BMW X6 passa pela Receita Federal, já em território brasileiro. 

8) Em 29/11/10, é feito o registro do Renavam, no Detran, do carro que seria vendido a Emerson.  

A expectativa da Justiça é que o processo seja finalizado ainda este ano, mas caso a defesa de Emerson insista em ouvir as testemunhas, o fim pode ser adiado até para o segundo semestre de 2013. O volante Diguinho, do Fluminense, também é réu no processo. Emerson responde pela compra de dois carros, uma BMW modelo X6 e um Camaro, importados ilegalmente dos Estados Unidos em 2010.

“Estou chateado por tudo o que aconteceu, pois não fiz nada. Mas não tenho a menor preocupação quanto ao Mundial. Eu confio na Justiça”, declarou o atacante corintiano Emerson, que evitou o contato com os jornalistas na saída do tribunal. Ele foi dispensado do treino do Corinthians nesta terça para viajar ao Rio.

O julgamento 

Nesta terça-feira, a defesa de Emerson alegou que um amigo do atacante, Marcelo Caetano, foi o responsável por fazer a intermedição dos carros entre a revendedora e o jogador. Caetano, por sua vez, negou ter feito a intermediação, dizendo que apenas apresentou a Emerson o dono da revendedora Euro Imported Cars, Arnaldo de Azevedo. O depoimento de Sheik e de seu amigo foram contraditórios.

Dizendo que foi enganado, Emerson explicou que não tinha conhecimento da origem do carro comprado, já que confiava em Caetano e que ele fez toda a negociação. O atacante do Corinthians também disse que desconhece para qual pessoa ou empresa fez a transferência do dinheiro para pagar o veículo. Ele afirmou que recebeu um e-mail, que acha que foi enviado por Caetano, com o número da conta e pediu para o gerente do banco fazer a transação.


Emerson contou que nem chegou a usar a BMW X6 branca, porque adquiriu um Camaro no período entre a compra e a entrega desta. Com isso, após dois meses parada, a BMW foi vendida pelo Sheik a Diguinho, seu companheiro no Fluminense naquela época, por R$ 315 mil, mesmo valor pago à revendedora. Os dois atletas afirmaram que não sabiam da diferença no valor da nota fical dos carros, e foram informados disso somente no momento que os veículos foram apreendidos pela Receita Federal.

“Foi tudo favorável a eles hoje, eles foram adquirentes de boa fé, foram levados pela ocasião. A Justiça até tem o direito de impedir a viagem do Emerson, mas não tem porque se preocupar, não há motivos para isso acontecer. Não acredito nessa possibilidade, não há razão jurídica para isso, ele está comparecendo ao processo. Não há razão para ser impedido, como não foi na Libertadores”, disse Ricardo Cerqueira, advogado de Emerson, se mostrando despreocupado. 


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